Sertões MTB: Cheguei muito perto de desistir!

Rodrigo Barros no Sertões MTB Boali

Quando aceitei o convite para participar do Sertões MTB, fiquei super empolgado para viver a experiência. Contemplar a natureza, pedalar em trilhas incríveis e me divertir muito. Sabendo que eu teria Cardio e perna para suportar o esforço, me inscrevi na categoria Pro. O percurso era o mais longo e desafiador e existia a opção de pedalar em Ebike (bicicleta elétrica), mas escolhi a tradicional. Eu estava mesmo disposto a fazer força.

Já no primeiro dia, fui surpreendido com um percurso extremamente técnico e a distância de 17km, não traduzia a dificuldade que eu teria ao atravessar as montanhas e pedras de Pirenópolis, descer foi mais difícil do que subir e isso nunca tinha acontecido na bike de speed ou TT (triatlo). Ao final do primeiro dia, entendi o quão difícil seriam aqueles próximos 2 dias.

No segundo dia, acordei animado para o desafio e fui lá pedalar. Com a experiência do primeiro dia, eu já estava mais confiante e muito feliz do quanto meu corpo e mente haviam aprendido no dia anterior. Eu já não precisava mais descer da bike para descer e ultrapassar os desafios e obstáculos daquelas descidas. Mas, o que eu não sabia é que enfrentaria subidas incrivelmente difíceis e sim, eu precisaria descer e empurrar ou carregar nas costas a bike. Foi depois de um primeiro tombo que ganhei essa percepção 😉 Ao longo daquele segundo dia foram 5 quedas e em uma delas, uma batida forte no joelho direito me preocupou muito, mas não me tirou da prova. Segui com o corpo cheio de cimento (sim, havia uma lama de cimento e foi ali a minha pior queda naquele dia), muito barro e aquela dor no joelho após a batida. Minha mente trouxe pensamentos como (O que eu estou fazendo aqui? Amanhã não vai rolar…), mas ao me aproximar da linha de chegada depois de 59km pedalados, aquela sensação de dever cumprido e especialmente todos os hormônios secretados, me deram a certeza de que eu estaria ali no terceiro dia. Após a chegada, fiz uma sessão de Criogênia e também Recovery com liberação miofacial que acelerou a minha recuperação. Voltei pra casa, pé pra cima e descanso.

 

Enfim, acordei no terceiro dia. Quando desci da cama, uma dor no tendão direito me deixou preocupado. Mas afinal, de onde viria aquela dor, por que ela estava ali? Lembrei que a cada tombo, ou necessidade de desclipar do pedal, a torção necessária havia inflamado meu tendão. Fui tomar um banho de cachoeira as 6:30 da manhã, 1:30 antes da largada. E me veio o pensamento (Hoje você não precisa fazer a prova.

Essa dor no tendão é o motivo que você precisava para desistir. Lembra da dor no joelho ontem? Então, vamos desistir…) e então, conversei com o Gu e Cadu que estavam comigo e disse: Hoje não farei o percurso. Depois de 10min fui até o quarto. Quando cheguei lá, olhei no espelho e me fiz a pergunta: Desistir? Você ta de brincadeira, neh? Conhecendo a mim e a minha mente, olhei novamente para o espelho e disse: Se troca logo. Vai, coloca a roupa que a largada vai acontecer em 1h. Foram 5min para me aprontar, coloquei a roupa e sai pronto do quarto. Gu e Cadu, disseram: Ué, o que aconteceu? E eu respondi: Tive uma conversa com o espelho hahaha … Demos uma risada e os 2 sabiam que a chance de desistir era quase nula.

Fui para a prova. Seriam 56km e teoricamente mais fáceis que o dia anterior. Já no pórtico de largada, tive a sensação de estar fazendo a coisa certa. Eu me arrependeria muito de não estar ali para completar a prova. Largamos e já nos primeiros 5km, ganhei confiança e percebi que tinha força para pedalar e acelerar na prova, além disso já com mais experiência dos dias anteriores a prova seria realmente mais “fácil”, até que no km 7, um capote na subida e mais uma pancada no joelho direito, me fizeram repensar a estratégia do percurso.

Aquela confiança de acelerar, foi substituída pelo respeito a cada metro pedalado e a certeza de que o mais importante ali, seria me concentrar, respeitar o percurso e curtir cada pedalada. E foi o que eu fiz. Mudei a minha sensação de querer acelerar para cruzar a linha de chegada, pelo sentimento de gratidão pelo que estava vivendo ali. A partir dai, com muito respeito ao percurso, a sinalização, passei a aproveitar cada momento que aquela jornada me presenteava.

Desde o contato com os animais, o orvalho que mesmo as 10h da manhã ainda estava presente naquela mata fechada, até me deitar nos riachos que faziam parte do caminho. E foi assim, que pedalei por mais de 5 horas no terceiro dia e cruzei a linha de chegada com o sentimento de gratidão por ter decidido finalizar e especialmente aproveitar aquela oportunidade de viver e aprender com aquela experiência.

A minha reflexão após esses 3 dias, é que na maioria das vezes o que nos faz desistir de algo, é a perspectiva que damos para aquilo que estamos vivendo. Muitas vezes, no lugar da cobrança excessiva, agradecer e respeitar a jornada é o melhor caminho para continuar e finalizar. Espero muito que esse relato do que vivi nos Sertões MTB em Pirenópolis possa inspirar você a seguir sua jornada e não desistir. Seguir e terminar aquilo que começou te deixará mais forte e trará muito aprendizado para futuras vivências e realizações.

Com carinho,
Rodrigo Barros

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